domingo, 6 de fevereiro de 2011

Fetiches das ilusões





Eu acho que hoje em dia o que mais se vê, são buscas de fetiches!!! Não falo só no sentido sexual que a palavra carrega, mas sim, num objeto material ao qual se atribuem poderes mágicos ou sobrenaturais, positivos ou negativos. Bem como, objetos que façam a nossa atenção se desviar fora da realidade. Estamos ao redor de um mundo da comunicação que permite isto. O ponto alto disto é o virtual. Nele, podemos tudo, temos a força de uma transformação quase que mágica, talvez a nossa varinha de condão moderna, hoje, seja o mause, um mecanismo que opera como se fosse um pó de pó-de-pirlimpimpim, onde clicamos e tudo se transforma num piscar de olhos. Podemos nos tornar mais bonitos, mais musculosos, mais sensuais, fazendo modificações com programas que reparam seu nariz , seus olhos, os seios, os gludeos fazendo uma mulher ou um homem parecer um objeto de consumo pronto pra ser devorado pelos desejos e tentações humanas. No fundo todos queremos ser objetos de desejo do outro. Um fetiche que adquiriu uma forma sofisticada. Talvez, Monteiro lobato seja a pré história dessas fantasias, que no meu tempo se operava através da imaginação, única fonte virtual. A diferença é que , naquele tempo, com a imaginação virtual infantil, nossas fantasias eram compartilhadas com pessoas reais. Havia uma troca em tempo real e palpável. Tínhamos uma convivência em tempo real. Se formos a fundo e pensarmos, o virtual da informatização, não deixa de ser uma brincadeira ao alcance de pessoas de todas as idades. Mas hoje, a velocidade desse mecanismo parece nos absorver de tal maneira, que seguramente e não tenho medo de afirmar, somos parte disto. Acho que vou mais longe, somos absorvidos quase que completamente e nos tornamos objetos de um mecanismo que foi criado para nos servir. E se observamos mais detalhadamente, a manipulação é tão ampla que o resultado final, não é sujeito manipulando o objeto, mas sim objetos que se relacionam entre si, de maneira quase que inconsciente. O virtual da informatização, antes de ser uma referencia de conhecimento, não deixa de ser uma brincadeira compartilhada num plano de fundo falso. . Porém, adultos quando se metem a brincar com um equipamento de longo alcance, podem desencadear uma solidão compartilhada. Todos isolados em seus gabinetes, muitos com a possibilidade de se passarem por outro, com nomes fictícios e que procuram projetar todo e qualquer tipo de fantasia no outro. Um fetiche eletrônico que permite a não identificação e consequentemente a liberação de todas as suas neuras e frustrações na vida real. O pior de tudo isto é que perde-se o contato real e a comunicação verdadeira, o olho no olho, o cheiro, o toque, o sabor e nos tornamos fantoches eletronicos. A pratica da convivência fica atrofiada e o resultado são multidões tagarelando isoladas e solitárias. Receio que eu também esteja incluído nessa parafernália de malucos, que foram sugados pelo fim do isolamento. Acho que a prática da boa conversa ao pé do ouvido não tem mais uso,porque as pessoas perderam a habilidade natural de se comunicarem frente a frente. E robotizados vamos seguindo nossa rotina e amargando um isolamento da paranóia desvairada. Pessoas desconfiadas, hipersensíveis frias e distantes, fingindo serem felizes para sempre.

Andre Prado

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