segunda-feira, 19 de março de 2012

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Viver não é necessário; o que é necessário é criar. 

Ontem escrevi a um amigo, algo que parecia muito intenso numa musica de George Harrison, onde a poesia mostra o quanto a vida não é precisa e extremamente relativa. A gente constrói a vida em cima de valores e normas, muitas vezes por expectativas materiais ilusórias. Eu particularmente acho que o modo como construímos isto não é suficiente. A musica de George Harrison, While my guitar gently weeps, me dá essa impressão, onde tudo é relativo, transitório e se desloca para transformação. Mas apesar da vida passar, algo é maior dentro do poeta e musico. Enquanto ele toca a sua guitarra, a vida gira, tudo acontece, mas ele mantém algo essencial dentro de si, uma paixão, maior no seu próprio tempo e que faz sentido na sua vida expressada na arte, na musica, com imensa paixão de se manifestar. Os os beatles, Jorge Amado, Charlie Chaplin transcenderam o seu próprio tempo e ainda vivem se perpetuando no pensamento humano graças a arte. Então amigo, acho que até mesmo para um simples mortal, tem que haver essa paixão imortal para que a vida tenha sentido. O poeta Fernando Pessoa desenhou muito bem esse sentimento, que eu tenho "....Viver não é necessário; o que é necessário é criar. " Vida sem criação é mera passagem, não trás qualquer evolução e muito menos transformação. Gozar e ter prazer em viver, não é construir status e estabilidade, mas navegar em meio a imprecisão da vida e, disto criar o belo, o novo, possibilidades de melhorar o mundo e a si mesmo. Cai como luva pra mim.

Navegar é Preciso


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".


Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:


Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.


Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.


Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.


É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Fernando Pessoa






terça-feira, 6 de março de 2012

Cálida solidão


Cálida Solidão 

Um olhar em meio a solidão,
despe a minha alma, me vejo tão longe,
toco o que me cerca, um mundo a volta,
mas só sinto a minha mente girar,
vislumbro as torres e as luzes, em meio ao silencio,
a noite calada, só me faz me deparar com meu eu,  
de frente ao  impacto, meus conflitos são pétalas 
que desfolham mortas, caídas ao chão.
Carrego nos ombros a paralisia da  memória, 
desfalecida, sem sentido, ela me corrói nesse abandono,
é tempo de girar ao redor e saber o que me desliza a mente.

Cálida solidão não é a ausência, mas percepção.
Introspectiva é a sua fonte, jorrando sensações mil. 
Minha única companhia é a música,derradeira fortaleza da alma, 
com a notas viajo mundo afora, me vejo em outras dimensões.
Vislumbro outros mundos, vasculho outras possibilidades, me adentro,
rabisco meus fantasmas, que me atormentam, saio de marcha ré,
vou em direção a continentes inexplorados, buscar um sentido e a  minha verdade.
Esse encontro tridimensional  é um abraço sem fronteiras, 
um beijo sem limites, um êxtase interminável, uma maluquez divertida,
talvez seja loucura, quem pode saber, são ondas de uma consciência inquieta,
só sei que há uma certa altura da vida, até mesmo as fronteiras da fantasia se tornam pesadas,
os limites não se ampliam mais como antes e é preciso repensar caminhos e refazer a vida.
Nesse instante eu percebo, que a vida é conflito entre o imaginário e a real gangorra do finito.
........................................................................André Prado