sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Anjos sem pudor



Anjos sem pudor

Duas almas livres voam juntas, um instante meio que cósmico, fugaz,  asas negras e brancas  encontram o céu, se enroscam no chão cheio de estrelas, isolados e enlouquecidos esquecem do mundo. Anjos Imprecisos, uma mistura de temperos, fluência perigosa ligada a desejos ocultos. Um contraste negro de asas brancas que se tocam , laços em êxtase que se misturam a gostos sensuais, mãos que se desenham lambuzadas pelo corpo, nudez se espalhando e aflorando os sentidos, seios atrevidos deslizando por trás, beijos de línguas entrelaçadas, gosto de sedução, silêncio com respiração ofegante, gemidos e sussurros num tom quase inaudível, um afago de delícias por um breve encontro. E nesse desejo translocado, explode delirante o som orgasmico sugando os lábios molhados de mel. A cena se desmancha, os corpos repousam, o mundo volta sem culpa, a vida flui, mas agora, na expectativa de um novo encontro, de um recomeço de novas carícias, sem cobranças fora do círculo.
Nesse vai e vem, o  retorno ao destino dos anjos  soltos segue, desgarrados do tempo, e livres, voam em direções opostas, conscientes que  encontrarão um novo momento para se  escolherem, acolhendo-se   em suas diferenças e fundindo desejos secretos na passagem de corpos ardentes. Foi um instante apenas, um vôo breve e prazeroso. Eterno, único e louco momento.

André Prado.