Equador de ilusões
Coração de leão, por que você não sossega?
Caminho em todas as direções atrás da paz,
olho e percorro ao meu redor nos bares
e a vida parece ser sempre a mesma,
como se fosse um movimento em branco e preto,
em câmera lenta e de imagens distorcidas,
faltando aquele olhar desperto e revelador, colorido.
Faz tanto tempo que não me embriago de amor,
quem sabe isto saciasse minha sede, minha sina.
Em meio a tanta multidão de amigos, sinto a solidão,
um chão pisado em falso, distorcido nos seus degraus,
movido a impulsos febris, cambaleantes de uma festa bêbada,
de risadas desesperadas, como se fossem gritos de carência,
tentando camuflar o obvio, a vácuo das almas desorientadas,
e no cala-se desse tédio, meu silêncio diz tudo, introspectivo,
fico viajando ao redor desse mundo, distante das gandaias alheias,
a procura de um ser interessante, que me diga algo com um único olhar,
maçante, todos parecem iguais na animação desse equador de ilusões,
e numa dessas risadas bobas, acordo do meu estado torpe,
voltando ao meu grau desencantado de alegrias pueris,
lá se foi mais uma noite de estrelas opacas, a deriva de desejos contidos,
não vi nenhum olhar me derretendo, insinuante, me acolhendo,
volto para a minha rotina de bêbados noturnos, de sorrisos barulhentos,
e vou ficando resignado, nas sombras de meus sonhos e devaneios desfeitos.
..................................................................................André Prado.