quinta-feira, 28 de abril de 2011

Equador de ilusões






Equador de ilusões


Coração de leão,  por que você não sossega? 
Caminho em todas as direções atrás da paz,
olho e percorro ao meu redor nos bares 
e a vida parece ser sempre a mesma, 
como se fosse um movimento em branco e preto,
em câmera lenta e de imagens distorcidas, 
faltando aquele olhar desperto e revelador, colorido.
Faz tanto tempo que não me embriago de amor,
quem sabe isto saciasse minha sede, minha sina.
Em meio a tanta multidão de amigos, sinto a solidão,
um chão pisado em falso, distorcido nos seus degraus,
movido a impulsos febris, cambaleantes de uma festa bêbada,
de risadas desesperadas, como se fossem gritos de carência,
tentando camuflar o obvio, a vácuo das almas desorientadas, 
e no cala-se desse  tédio, meu silêncio  diz tudo, introspectivo,
fico viajando ao redor desse mundo,  distante das gandaias alheias,
a procura de um ser interessante, que me diga algo com um único olhar,
maçante,  todos parecem iguais na animação desse equador de ilusões,
e numa dessas risadas bobas, acordo do meu estado torpe, 
voltando ao meu grau desencantado de alegrias pueris,
lá se foi mais uma noite de estrelas opacas, a deriva de desejos contidos,
não vi nenhum olhar me derretendo,  insinuante, me acolhendo,
volto para a minha rotina de bêbados noturnos, de sorrisos barulhentos,
e vou ficando  resignado,  nas sombras de meus sonhos e devaneios desfeitos.


..................................................................................André Prado.

sábado, 23 de abril de 2011

Troca de papéis






Troca de papéis

Homem honra as calças que tu vestes!
Na sua ausência, a sensibilidade foi chegando ao pilar mestre.
Sem pedir passagem, atrevida repudiou seu ar de cafajeste,
experimentando a sua forma bruta, sentiu-se confortável em suas calças
sem medo e sem preconceito, dominou seu universo sem alças,
vestiu-se de seu ser masculino e investiu em novos valores,
a fervilhar, reconheceu a virilidade sem seus pudores,
sentiu a energia fluir vinda nos cheiro de seus testículos,
percebeu o poder que te incorpora, machos e seus ridículos
buscando decifrar o dom do outro na sua visão,estridente confusão
sentiu nas entranhas a vontade de transgredir, deu seu grito de aclamação,
desejou a liberdade com manobras delicadas, e voou das mãos opressivas,
descolou-se de suas roupas recatadas e rompeu o silêncio das submissas
jogando retalhos velhos, foi seguindo o norte de sua independência,
pondo fim a dinastia hipócrita do macho na sua displicência,
só não descartou o símbolo rosa mesclado ao seu novo azul cobalto,
caminhando à frente, sobressai imponente, poderosa no seu salto alto.

.............................................................................André Prado


sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Cópula





A Cópula

Depois de lhe beijar meticulosamente 
o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce, 
o moço exibe à moça a bagagem que trouxe: 
culhões e membro, um membro enorme e turgescente. 

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti, 
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se. 
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se 
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente 

Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!" 
Grita para o rapaz que aceso como um diabo, 
arde em cio e tesão na amorosa gangorra 

E titilando-a nos mamilos e no rabo 
(que depois irá ter sua ração de porra), 
lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.


Manuel Bandeira

Êxtase de voar






Êxtase de voar

Voa voa borboleta,
vai voando para essa grande aventura que é a vida,
solta sua asas ao vento, mostra seu ser colorido,
flutue nos seus pensamentos, vá longe.
Transgrida fronteiras, vem pros braços da paixão,
embarque nessa leveza solta e proibida,
se deixe levar pelas ondas de calor que o céu emana,
seduza-se pela liberdade, vá em frente, bem longe,
e quando chegar a beirar o arco íris, sinta-se mais colorida,
porque chegou nos limites do esplendor, se tornando uma estrela.
Chegou a nova dimensão, onde completou a fase da contemplação,
e em seu leito de delicias e orgasmos, viva de êxtase e amor.

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.....................................André Prado

Sombras humanas





Sombras humanas

Momento de tédio, uma merda num final de noite,
pessoas que são um saco,sem sensibilidade,
uma porra de sensação oculta, sem sentido,
putos selvagens, sem qualquer intimidade, 
estranhos que querem comer os sexos,
bostas embriagados,que nada tem de melado,
azedos com gosto de limão podre, 
perdidos na noite, vagabundos sem rumo.

Instantes de silêncios, nada a dizer,
bebidas em rodízio, mórbidas palavras vazias, ocas
gente sem gosto, sem pimenta e emoção.
mulheres mumificadas, empedrecidas, amargas
sem sal, nem tempero. Mortas vivas.

Perda de tempo, energias ao vento,
gente fudída, aparentemente descolada,
mergulhantes no destino feio,.
bostas de aparências cálida,fetiches
pessoas fingidas,sem sentimentos, vazias,
seres humanos perdidos, sem afeto,
sem liga e coração. Energia fria.
Apenas sombras vagantes.
Perdas sem sabor. Marionetes sem amor.

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................André Prado

sábado, 16 de abril de 2011

musa desnuda




Musa desnuda

Musa de pele sensível,
desnuda seu corpo lúbrico, me fascine,
erotize meus sentidos , me deixe ardente,
preciso de suas mãos calientes,
quero seu amor ofegante, envolvente
transmita seus sentidos, me toque com sua pele aveludada,
deixe-me sentir seu corpo, se abra nos seus anseios,
se mostre sem segredos, me disseque com seus desejos,
me sirva seus pequenos lábios, molhados,
selando o contorno dos meus, te desejando,
me deixe desfrutar as delicias dessa flor silvestre,
explorando o monte de vênus libidinoso,
me molhe com sua lascívia excessiva, me acolhe
devore atrevida, com seu olhar de menina,
sinta-me no seu toque transgressor,
explore meu corpo com seus dedos deslizantes,
me ame, como se eu fosse o primeiro,
acaricie, porque só assim vou ti sentir,
por inteira, completamente entregue,
acolhido pela força desse grande amor.


................................................................André Prado

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pássaro Formoso





Pássaro Formoso


Debruçado sobre a janela do meu quarto, olho para o horizonte ensolarado, com aquele céu azul anil desbundante e fico admirando os passarinhos em sua revoada livre e solta. Surge um bando de andorinhas, sigo-as no meu raio de visão, fico admirando esse movimento veloz e sincronizado, moldando a perícia do voo emgrupo, desenhando o formato de círculos perfeitos, num balé esplêndido no ar. Me fazem ter a sensação de liberdade e leveza. Voar, essa sempre foi minha fantasia. Como invejo esses animalzinhos, podem se deslocar para qualquer lugar, ocupam o espaço com incomparável beleza. Mas pra minha agradável surpresa, esse momento ensolarado seria mais bonito, surge um passarinho de peito amarelo, imponente, majestoso, que soube mais tarde, se tratava de um bem-te-vi. Estava a minha frente, se banhando numa poça d' agua , como se estivesse brincando, se deslocando de um galho para outro, e voltando, por diversas vezes, para seu laguinho particular. Meio que assustado, quando percebeu meu olhar alvejando sua beleza, foi contornando seu voo até sentir-se seguro e pousar naquele lugarzinho escolhido para se refrescar . Chegando de mansinho, se banhava chaqualhando seu corpito inteiro, como se quisesse enxugar e secar suas asas, ao vento quente daquele dia especial. Um pássaro formoso, vaidoso, empinando sempre o peito e barriga amarelos, olhava a sua volta com movimentos ligeiros, como se soubesse que estivesse sendo admirado e visto pelo olhar de um invejoso sonhador, um admirador anônimo que naquele momento queria , nem que fosse por um segundo, trocar de lugar e saber qual a sensação de ser abençoado na sua forma delicada e livre. E como se desprezasse minha inveja, empinou ainda mais o peito de orgulho e saiu voando para o seu destino. Vi sua imagem a distância, me restando fixa-lo, desejando que um dia eu pudesse sentir a mesma liberdade plena como homem, da mesma forma que o bem-ti-vi de peito amarelo, posando de orgulho como pássaro majestoso, foi agraciado em seu privilegiado pelas mãos da mãe natureza. Ao longe se despedia da minha presença e demonstrava na sua miudeza, o esplendor de um bichinho com energia pra seguir seu justo destino, coroando a liberdade de seus movimentos e desbravando mundo afora com sua força pra viver. Que inveja! Que inveja!
..............................................................André Prado

SENTIDOS


 SENTIDOS



Nem sempre o que é sentido seja tocante, existem tantas formas de sentir, de transmitir os sentidos, formas de seres humanos se apreciarem e se gostarem. A grande verdade é que cada momento de um homem em constante paixão é especial , um amor diferente e real. Depende muito a maneira como se toque os sentimentos e os desejos aflorados.E a grande sacada de tudo isto, é não nos considerarmos inatingíveis, porque nada que seja "perfeito", vai satisfazer o amor guardado a sete chaves. Há necessidade de descermos das alturas e tocar a vida real, deixando o outro refletir dentro de si, para sabermos que também somos humanos, cheio de vontades contidas, beijos calados e de paixões infladas.
..........................................................................................André Prado


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Leila, coração rebelde









Leila, Coração Rebelde


Já dizia Rita Lee, ".. Toda a mulher quer ser amada, toda mulher quer ser feliz, toda mulher se faz de coitada, toda mulher é meio Leila Diniz....", reparem que a frase tem  um verbo indefinido, "quer ser", ou seja uma expectativa de um dia vir a ser,  e o interessante que a letra faz referencia a mulher inacabada.  Nesse trecho da  musica de  Rita Lee "Toda mulher é meio Leila Diniz", revela   expectativas dessa mulher contemporânea , ainda  não realizadas plenamente,  esperando superar  tabus inconscientes, tendo como protagonista uma  referencia inspiradora na  irreverente atriz dos anos 60 e 70.  Leila Diniz,  não é por acaso uma mulher referencia, inspirando letras poéticas, muito antes disto,  ela é uma personalidade que marcou a história pela sua coragem de ser livre e sem se deixar influenciar por um  modelo de comportamento convencional. Ela era única e acreditava que a mulher devesse  manifestar seus desejos, recebendo e transferindo seus sentidos sem se culpar por valores falso moralistas, que na época,  desenhavam a personalidade feminina,  segundo os preceitos  tradicionais e arcaicos. De um tempo onde as mulheres mais pareciam escravas da ideologia masculina  e se recolhiam com seus desejos reprimidos. Se bem,  que isto ainda  é uma triste realidade no Brasil e em muitos lugares do mundo. Em  declarações na época , deixava entender  que o amor livre é uma manifestação legítima e que não necessitava de justificativas morais, pois o que mais importa é a felicidade e de sentir-se bem consigo mesma. Na sua bombástica declaração, em meados dos anos 60 ao jornal O Pasquim, afirmava: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo. E o que dizer do choque de uma sociedade puritana da época,  ao declarar em bom tom e abertamente: Transo de manhã, de tarde e de noite. Hoje,  a liberdade sexual da mulher esta evoluída e até certo ponto sem censura, mas nesses tempos de ditadura social e militar, ter a coragem de  manifestar sua capacidade de sentir o mundo,  de acordo com sua sensibilidade irreverente,  era quase que como uma profanação dos "bons costumes" da familia tradicional. Inclusive segmentos da  própria extrema esquerda desprezavam Leila, porque independente da conduta política, de esquerda ou direita, os homens sempre tiveram uma cabeça machista.  Em que pese os novos tempos,  em pleno o sec XXI, ainda acredito que Leila Diniz é atual e esta muito a frente de seu próprio e de nosso tempo. Não acredito que as mulheres ainda tenham superados os tabus e os modelos convencionais da visão puritanista da sociedade. É bem verdade que a mulher  moderna  esteja inserida no mercado de trabalho, tenha conquistado espaços que antes eram exclusivamente dos homens, que tenha se fortalecido politicamente, mas determinados traços, da familia tradicional puritana,  ainda estão impressos na sua mente. Valores que são perpassados de geração à geração e que ainda são doutrinados na formação da mulher quanto a sua sexualidade, presa ainda a idéias de moral e condicionamento social. Ela é ainda formada para ser puritana e censurar suas manifestações de desejo, se isto não obedecer, digamos,  uma certa ordem de satisfação a sociedade.  Existe ainda todo um ritual moralístico, quando se trata  de expor a sua sensibilidade sexual, ainda sendo rotulada por condicionamentos de moralidade, impregnados de um conteúdo machista e puritano dos tempos de nossos avós. Em meio a tanta exposição vulgarizada da mulher na mídia machista, ela acaba  recolhendo seus instinto  mais naturais, (tesão recolhido)  diante da força cultural que há oprime pela idéia de vulgaridade.   Em uma das suas declarações mais contundentes Leila dizia: Dou pra todo mundo, mas não dou pra qualquer um".  Tenho plena certeza, que independente de seu tempo, essa conduta choca,  ainda hoje, a maioria das mulheres. Há bem da verdade é que a sexualidade sempre foi um tabu para as mulheres, e ainda continua sendo. Ela ainda  se preocupa em preservar  a sua imagem, obedecendo certas regras de conduta que nada tem haver com suas necessidades,  quando isto esteja ligado a sua sexualidade. A palavra "vagabunda", algo que na mulher é um poderoso reagente ,  causando -lhe   verdadeiro pavor, por estar carregada e   taxada perjorativamente,  ligada a  vulgaridade que a palavra emprega,  sendo associada a safadeza e imoralidade,  formando um  juízo de valor,  ainda,  muito forte em nossa sociedade. Um símbolo de retração de seus instintos selvagens,  uma  barreiras para  dispor de sua sexualidade como melhor lhe aprouver,  atrelada a conceitos e definições de moral e  estereotipando  o seu comportamento. Estava pensando como seria uma sociedade com seus papéis invertidos, onde o homem tivesse que ser recatado, discreto e retraísse seus desejos par satisfazer as formas condicionais que a mulher sempre tiveram que carregar durante séculos, e está incorporasse o espírito masculino, onde  a plena liberdade de movimentos e sensações, nada devessem a moralidade estética da  sociedade convencional  e  patriarcal. Como seria? Uma abstração e uma construção da relação  entre homens e mulheres,   muito divertida por sinal! Já pensaram as mulheres indo a caça, tentando convencer os homens em ir para a cama, com uma sedução mais atirada e homens se esquivando para não ceder na primeira noite, querendo selecionar o momento mais adequado para o ato de amor a dois? Já imaginaram homens mais sensíveis, dizendo que para fazer amor tem que haver química? Já imaginaram mulheres,  com aquela pegada galinhando e querendo sempre o prazer em primeiro lugar, sem a menor busca pelo sensibilidade do outro, egoístas e que só pensam em seu prazer. Já imaginaram as mulheres satisfeitas, bem comidas e os homens insatisfeitos por não se sentirem amados e considerados? Já imaginaram homens frustrados por não gozarem, enquanto as mulheres viram de lado e dormem por estarem completamente satisfeitas? Já imaginaram a mulher no poder e o homem submisso? Já imaginaram a mulher voltando tarde pra casa porque estava pulandoa cerca, caçando com as amigas,  enquanto o homem estava fazendo comidinha para as crianças e cuidando dos afazeres domésticos da casa?   Será que os papéis invertidos não mudariam  os valores e o modo de ver de uma sociedade patriarcal, para uma completamente matriarcal?  Já imaginaram a mulher incorporando essa gama de valores machistas, como seria? Claro que existem diferenças naturais, mas a imaginação não considera estes elementos e pode muito bem criar situações inusitadas. O que estou querendo dizer com isto que mesmo com as diferenças biológicas entre homens e mulheres, a sexualidade é algo forte em ambos os sexos e que só não é vivida plenamente pela mulher, porque a sociedade cobra dela algo que não cobra do homem, resguardo e emotividade.  Leila na sua irreverência tocou profundamente a sociedade da versão masculina e mentirosa, e talvez quisesse dizer  a todos:  Somos bichos sim, somos mulheres que queremos a mesma forma de tesão e prazer que o homem. Mas somos superiores, também, porque selecionamos a nossa forma de prazer, bem melhor que o homem. Ela foi criticada e taxada de  vulgar aos conceitos da senhoras católicas e dos coronéis da bíblia machista, porque falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Uma defensora do amor livre e do prazer sexual, sem pudor e sem qualquer resíduo  de culpa, com ou sem amor,  por apenas manifestar sua forma feminina,  diferente da forma usual até hoje. Ela realmente  é diferente ou deixou sua sexualidade latente,  aflorar sem qualquer interferência das neuras machistas, que só fazem da mulher um objeto emocional e esconde seu sangue animal. Acredito que ela apenas tenha sido autentica e leal a sua consciência e a seu corpo , nada mais. 




........................................................................André Prado