sábado, 5 de fevereiro de 2011

Espelho virtual






Me vejo no espelho, sei que do outro lado é a minha imagem invertida. Somos iguais e diferentes ao mesmo tempo. No fundo daquela imagem existe a dicotomia, a minha dimensão real em contraste desta, que é o eu da maneira figurativa. Enquanto sorrimos ao mesmo tempo, um o faz pela vaidade, o outro, apenas projetado, automatiza o gesto. Me abraço com a certeza de que não estou abraçando minha imagem, refletida ao fundo sem que seja verdade. Esta apenas repete as manobras do eu, que investe em seu calor humano do abraço real, enquanto a outra é apenas uma fria e congelada imitação. Mas sei que sou eu, enquanto a outra é apenas uma abstração refratária. A outra é o reflexo de mim mesmo, sem vida e apenas virtual. Mas aí penso no referencial. O virtual não seria oposto ao real! O virtual pode ser oposto ao atual, porque o virtual carrega uma potência de ser, enquanto o atual já é (ser). Então percebo que a potência máxima de eu ser, é a essência e o reflexo da minha alma, enquanto a reprodução da imagem, é mera colagem de minha forma impressa no espelho , com um fundo sem consciência. Disso tudo dou de bruços, restando apenas o gesto de virar as costas, um para o outro e se distanciar, sem que um tenha conhecimento real do outro, até que novamente se encontrem, fortuitamente, e se estudem no espelho da vida. É assim que me sinto, quando me olho no espelho. Mais sei que o espelho me faz perceber o que sou hoje e me faz refletir sobre o que posso ser amanhã,porque ele revela as marcas do rosto e as linhas do tempo estampadas no corpo.


.......................................................................Andre Prado

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