domingo, 22 de setembro de 2013

A verdade dita com crueldade nem sempre liberta.



A verdade dita com crueldade nem sempre liberta.
Absolutamente, não faço apologia da mentira! Mas existem certas verdades que devem permanecer ocultas e enterradas dentro de si, do que serem reveladas provocando sequelas irreparáveis a alma humana. Eu acho que toda a essência humana se resume numa frase, não somos infalíveis! Não somos perfeitos e cometemos erros. Sempre achei que quem diz preferir a verdade nua e crua acima de tudo, menti descaradamente. Pois não é capaz de agir com o mesmo critério inversamente proporcional. Normalmente quem afirma isto para si, sempre quer se certificar da lealdade e na afirmação da verdade do outro, como instrumento de sua própria defesa se houver um deslize qualquer. Mas quase sempre não tem coragem e nega ao outro o mesmo tratamento dispensado a si. Desconfio sempre de quem diz ser forte e agir sempre como o dom da verdade estampado no peito, como se fosse uma estrela de xerife vigilante. Mas aprendi algo importante na idade da razão, nem sempre a verdade pode ser compreendida, as vezes é preferível o erro da mentira, do que ser crucificado ao expor a sua verdade ou ver outra pessoa ser destroçada por duras verdades ditas com crueldade ou com franqueza destemperada. Nem sempre a parte que foi enganada se recupera da verdade cruel e traumatizante. Certas verdades só interessam se fizerem bem a quem está sendo dito ou a quem está se utilizando dessas palavras francas, se de algum modo fizerem ambos crescerem. O ser humano é um ser em franca construção, e como tal, dependendo do tamanho do envolvimento, acaba falhando e acreditando em suas próprias ilusões,o que não deixa de ser uma mentira. A ética é algo muito mais amplo do que a moral, mas requer do ser humano uma força tamanha que não se deixe levar pelas paixões e tentações descometidas, pelo sentimento de perda e posse e pela falta de compromisso consigo mesmo e com o outro. Não acho que na sociedade que vivemos é possível total sinceridade. Ninguém em sã consciência, mesmo na máxima intimidade com o outro, trai a si mesma revelando suas verdades, aquelas mais ocultas, expondo-as na integralidade sob pena de se tornarem refém dos segredos escancarados. Em resumo, tudo depende se sermos aceitos do jeito que somos, mesmo diante de uma verdade chocante e incompreensível. Mas isto é tão raro, porque as pessoas são tão preconceituosas, tão donas de si mesmas, absolutamente intolerantes a verdade do outro, cheia de valores prontos e acabados, que arrisco a dizer que vivem em vários mundos ao mesmo tempo. Agem como se fossem perfeitas na sua miserável imperfeição. Somos humanos, mas parece que a cada dia estamos esquecendo disto, quem já não se viu diante de suas próprias mentiras, grandes, pequenas, duvidosas e até mentiras que se tornam verdades. O problema é que só vemos a mentira do outro e esquecemos quando agimos na mesma moeda. Como diria a minha velha e sábia tia, pimenta no olho do outro é lavoro.


.....................................................................................André Prado



segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Anjo Vadio



Anjo Vadio





Desvio desse meu lado sinistro, em vão


a corrente me pega, me leva sem reação

minhas escolhas estão cravadas no peito

lá tem meu anjo vadio, um menino sombrio

sou um puto ambulante, na onda do desconhecido,

um andrógino na fusão negra e branca,

meus impulsos me embriagam, deslizo sem culpa.

Sem rumo, vasculho a noite buscando um conforto,

talvez, meus sonhos sufocados em meios aos delírios.



Esse lado menino é um pobre diabo,

inevitavelmente foge a idade da razão,

se refugia nas asas da imaginação,

preso as dimensões do seu mundo caótico,

não vê o fundo do poço, não se sente acuado,

se deixa levar pelas aventuras e os escuridão,

um lado meio deliquente que deseja os perigos,

adora estimular seus instintos, explora os pecados

suas asas voam longe, sem se dar conta de limites

não se vê por inteiro, busca seus pedaços espalhados

na esperança de ser uno na paz de sua solidão

caminha no escuro onde o tempo é a única razão.

                                                                                                       André Prado

sexta-feira, 1 de março de 2013

Existo, logo penso.





Existo, logo penso.

                                por André Prado


Alguns poderiam dizer que a frase de René Descartes está invertida. Mas eu penso ao contrário, é a vivencia que nos faz pensar. São as contrariedades da vida, que nos dão amadurecimento. Existe vida em mim, logo penso. Sem vida não existe pensamento. Por isto mesmo, alguns, eu já vi morrerem em vida, sem terem qualquer consciência do que viveram mal. Hoje com meus 56 anos completos, muito mais amadurecido, recomeço a viver novamente. Não porque se passaram 12 meses ou uma vida, mas por estar num momento que percebo, claramente, certas coisas que estavam adormecidas em mim. Passei minha vida vendo gente da minha família percorrendo o dinheiro e o Status, nunca fui de levar em consideração esses valores, nem mesmo quando era casado e tive filhos.Vivi com o necessário e paguei o preço por não seguir a trilha de ambição e da febre do consumo fútil, que alguns tolos acreditam ser necessário se escravizando ao trabalho e esquecendo de respirar. Vi familiares morrendo aos poucos, percorrendo a riqueza. Morreram muito doentes de tanto trabalhar e conquistar bens e propriedades. Restou aos póstumos, apenas o agradecimento dos herdeiros, deixando aqui, seus restos mortais e o suor de uma vida de trabalho. Justamente por ter certos privilégios, rompi amarras, vínculos e não me arrependo disto. Alguns dão valor ao trabalho pelo que ele possa comprar, eu porém, nunca dei valor a nenhum trabalho que não me proporcionasse prazer. Sei que isto é para poucos, mas não tenho qualquer tipo de arrependimento, porque minha visão nunca foi sintonizada com as mentes em seus quadrados limitados de acumulo de bens materiais. O maior bem que quero ter, é a recuperação de minha saúde e me sentir um homem pleno. Não, nada que possa ser grave, mas necessário para ter uma vida cada vez mais ativa e lúcida. Cuidados são necessários nessa altura da vida. Hoje vejo meus filhos adultos, admirando a distância seus sonhos e realizações. E a cada vitória deles é minha também, pois são a extensão mais prazerosa de minha história. Vivi alguns amores, mas tenham certeza, apenas um. recententemente, me marcou de verdade. Não porque os outros tenham sido menos importante, mas porque vivi realmente uma história de amor pleno, incomparável e intenso. Principalmente, porque foi a única, que me entreguei completamente, me revelando por completo e que, de fato, me aceitou do jeito que sou. Com ela, pude ser eu mesmo. Mas como nós mesmo dizemos, que seja eterno enquanto dure. Agora, tenho planos e projetos mil. Sei que posso caminhar com mais vigor, pois a cada passo que dou, conto com a consistência de uma vida cheia de experiências, e que ainda tem muito pra me dar, quando estiver percorrendo novos caminhos, um percurso que envelheço com mais equilíbrio, deixando a mente aberta, jovem e sem neuras.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

SOCIEDADE DA SURUBA



SOCIEDADE DA SURUBA
                                              Por André Prado

Existe uma música chamada "É bom desconfiar", tocada por uma das melhores  bandas que o Brasil já produziu, Titãs.  Nessa época Nando Reis fazia parte do grupo. Quem apreciar o vídeo produzido ao vivo pela TV cultura,  vai ouvi-lo dizer: Precisamos desconfiar de tudo, principalmente do apagão. Isto foi em 2001, na época de FHC. Mas desconfiar é algo que faz parte dos brasileiros, principalmente quando denominamos de selva de pedra a vida em sociedade, mas isto é muito mais focado somente em relação aos políticos, já que em política existe tantas correntes de pensamento, e é um fato normal estarmos atentos para os programas de governo ou de candidatos que almejam os cargos públicos. Mas nas atuais circunstâncias, desconfiar de uma situação de assalto, o que é perfeitamente comum hoje em dia, numa clara reação e prevenção a violência, acaba sendo uma vigilância que se tornou absurdamente normal. Mas as desconfianças extrapolam, vão muito mais além das questões politicas e das propriedades materiais. É comum atualmente, as pessoas pensarem em seus próprios umbigos. Mas o motor dessa barbárie começa por uma rede de informações tão distorcidas que atingem o entendimento, começando pelos meios de comunicação que visam apenas lucros em detrimento da verdade. Fontes que já não são mais confiáveis, já algum tempo. Daí, permeia uma rede de intrigas, centrada na própria individualidade, pilar do egocentrismo social. Basta haver disputas internas em qualquer relação humana, que com certeza haverá luta de interesses. As relações sociais estão cada vez mais disfarçadas, e o cuidado em todos os setores da vida acaba por ser necessário. Infelizmente, vivemos uma neura urbana, onde existe tanta deslealdade, que isto parece ter se tornado uma extensão do ser humano, vivemos uma sociedade das aparências, sem sinceridade. Percebe-se que as amizades estão cada vez mais seletivas, admitindo-se apenas um grupo fechado, extremamente reduzido. Estamos fechados em nossa própria natureza. Nas relações de afeto, em todos os sentidos, principalmente no amor sexual, existem muito mais decepções do que demonstração de reconhecimento fraterno. A traição parece ter corrompido as relações entre homens e mulheres. A tônica filosófica é: Vamos pegar todos ou todas. Existe uma suruba generalizada, que tomou conta da mentes e corações. Pessoas sendo lesadas, violentadas, enganadas, maltratadas e manipuladas. Parece que os cristão, evangélicos, espiritualistas de modo geral adotaram a máxima, que impregna a sociedade dos acorrentados e estereotipados seres insensíveis e encobertos, se guindo pelas letras mortas da hipocrisia: Cada um por si e Deus por todos. Então, nos resumimos a uma sociedade sempre armada com paus e pedras, pasmem senhores, desconfiados que somos, de nós mesmos, semelhantes mortais. Estamos em plena crise ética. Conseguiram tirar do dicionário, a palavra confiança e sinceridade nestes tempos modernos. Talvez, isto sempre tenha existido, tendo domínio a partir da existência do poder, só que camuflada em tempos sombrios e escancarado abertamente na era contemporânea. E assim vamos nos arrastando, subindo ladeira, descendo ladeira, sempre com os mesmo passos monótonos da vida em sociedade, que não cultiva a solidariedade e o respeito. A vida não é assim, mas querem que fique assim. Paciência!!!! As consequências estão aí, quem planta vento colhe tempestades.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

As sombras dos enigmas



As sombras dos enigmas 

Sempre fui fascinado por heróis mascarados desde minha infância, mesmo depois de perceber, ao longo da vivencia,  que eram apenas enlatados estadunidense e que por trás existia apenas  um fundo meramente ideológico por trás de tais fantasias. Reproduziam  a visão mecanicista do pensamento capitalista,  que entende  ideia do "mal",  naqueles que eram contrários ao bons costumes da sociedade neoliberal e nas  instituições(família, religião, jurisprudência,  política e economia)  que lhe davam sustentação. Uma forma de ver e julgar o mundo social de acordo com os princípios revestidos  de um conjunto de "atributos inatos",  cuja a natureza  tende apenas  beneficiar e preservar apenas os "heróis" da sociedade, destacadamente  entre os mais poderosos.  Mas eu acho que devemos ir muito além do modelo e entendermos os fundamentos psicológicos e as sombras que perseguem determinados heróis e vilões mascarados das histórias em quadrinhos. Entendo mesmo,  que existe uma certa identificação na pratica social e no meio em que vivemos. Talvez seja isto que mais me fascine nos ditos mascarados. Se cientificamente já foi comprovado que   existem influencias,  comportamentais e genéticas, sendo que parte da formação ambiental é cultural, logo posso deduzir  que existam combinações tão  diversificadas que faz do homem  um ser extremamente complexo. Existem motivações destrutivas dentro do ser humano potencialmente latentes, que se forem acionadas, acabam por mostrar a maldade que tentam esconder de si mesmo. Querem um exemplo, vi um vídeo que mostrava uma experiência cruel com ratos. O pesquisador tentava mostrar que pessoas, sem serem vistas, poderiam  causar maldades e mostravam seu lado perverso. . Nessa experiência, ficava latente a crueldade nos seres humanos. O pesquisador montou uma gaiola eletrificada com ratos brancos, numa sala isolada e privativa, instalou um botão vermelho que acionava a descarga elétrica. Colocou em seguida um aviso para que todos que passassem apertassem o botão vermelho. O resultado foi cruel. Todos que passaram apertaram o botão, vendo os ratos pularem ou se contorcerem pela descarga elétrica, apertavam varias vezes sem ter a menor constrangimento vendo o ratinho sofrer. A perversidade está latente no ser humano, basta estimula-laBatman e coringa  ao meu ver são  o herói e o vilão que mais encarnam a contradição do ser humano. Ambos são enigmáticos e sombrios. Acredito mesmo que sejam  um reflexo do  lado sombrio das pessoas, a forma obscura não revelada e que todos tem em menor ou maior grau. Tem pessoas que não mostram seu lado vilão,  se revestindo com a mascara do bem. O Coringa representa tudo aquilo que não pode ser controlado, que não pode ser comprado, que não pode ser convencido. Um psicótico com uma aparência similar a um palhaço ou a de um curinga que sempre tem as cartas escondidas  na manga.  Ele é a personificação do mais puro caos, em sua pior forma: a destruição, seja ela de idéias, sonhos, ou apenas construções materiais.Não seria essa a forma   do coringa? Batman não seria a forma feia, fantasmagórica se revestindo de poderes do bem. O homem morcego, em sua forma tenebrosa representa: justiça, esperança, compaixão. Na verdade ambos são muito semelhantes, pois são inteligentes, bons no que fazem, e não há nada de lógico por trás de todos os seus esforços. O que o diferencia Batman de seus inimigos é apenas um apego a um ideal mais elevado. Mas parece que o Coringa é o maior temor inconsciente de Batman, porque ele quer provar que nada é como parece, e que não existe algo como “pessoas inocentes” ou “ideais puros”, que  as pessoas não são  capazes de exporem suas fragilidades, seus piores medos e de enfrentá-los olhando-os de frente. Bombardeia  ao ponto de fazer o "herói" acordar, destruindo suas idealizações  para o fato de que todos tem  periculosidade em potencial. A forma mascarada, camuflada atrás de uma batcaverna, que se esconde atrás de valores altruístas não é a única forma do ser humano, ele é também a forma do Coringa, o outro lado da mesma moeda,  que dissimula, age através de enigmas, esconde-se de seus verdadeiros propósitos e que não revela sua verdadeira personalidade. Por isto achei legal esse vídeo com a musica do U2, U2 Hold me, Thrill me, Kiss me, Kill me, porque expressa o conflito,  a realidade medonha  e psíquica do ser humano na sua orientação do mundo. Ninguém é santo e nem demônio, apenas é humano, tendo em si ambos.

http://www.dailymotion.com/video/x1much_u2-hold-me-thrill-me-kiss-me-kill-m_music#.UREzcx3m0_0

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Escolha da ausência



Escolha da ausência
                                   por André Prado

Acordei com uma sensação diferente,
nova, agradavelmente surpreendente.
Me aproximei do amor, mesmo ausente.
Sim, percebi que a distância não me fazia infeliz,
porque sua lembrança é tão nítida que me bastava.
Senti desejos e prazeres criados no glamour da fantasia,
revivi as conversas demoradas e agradáveis,
contemplei a sua inteligência, sua sensibilidade,
mergulhei nas delicias de seus toques atrevidos,
com os sussurros ao pé do ouvido e sacanagens adoráveis.


Você não está mais do meu lado,
mas sempre quis te sentir por inteira,
hoje, não preciso das suas justificativas,
entendi que ser livre é sentir-se bem,
ninguém é de ninguém, diz o poeta,
mesmo quando se ama alguém,
não importa mais o que faça na minha ausência,
mesmo porque, sua presença, mesmo breve, me bastou.

Sei que suas sombras te devoram,
talvez, seja inevitável se dar ao mundo,
amar quem quiser te amar,
mas isto nunca fez parte do meu arbítrio,
não mais agora, te aceito do jeito que é.
Meu sonhos  buscam as lembranças,
sua ausência não é mais sentida,
porque sinto-a  dentro de mim,
posso fazer com você o que quiser,
te lambuzar em minhas fantasias,
te desnudar, sorrir com sua alegria,
lembrar dos bons momentos,

pois em  tempo rompido, não existe mais dor, 
não mais agora, porque descobri que seu ser é único,
não se reduz a mera necessidade, nem carência,

mas acima de tudo,  porque foi   escolha de amor. 
Minha escolha.











segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O amor consciente não é cego.



O amor consciente não é cego.
                                                      por André Prado



O amor realmente é uma construção sempre muito tênue, podendo estar entre o paraíso e o inferno, no sentido afetivo e emocional da palavra. Não é fácil realmente administrar desejos e vontades, mentes e corações, e quando o encanto se quebra, por mais que exista momentos felizes, a voz interior te sacode até você perceber a ruína de um sonho, onde os seus destroços emocionais ficam vagando por uma imensidão vazia. Em dado momento, você  tem a falsa sensação de fracasso e frustração, ao dizer adeus a tudo isto que, um dia pensava ser uma realização de sua vida, mas que na verdade foi um doce delírio. Chega mesmo a se curvar diante de tamanha impotência, a ponto de tatear para buscar novas referencias, perdidas no interior de sua escuridão, até achar um novo porto seguro e uma luz no fundo do túnel.. E aí, seu coração percebe nitidamente que pode reconstruir a sua vida, em cima de alicerces marcados por cicatrizes. Ao menos seguir em frente, mesmo ainda sentido a sensação de desencanto. Afinal, a vida não é só felicidade, mas amadurecimento para absorver os impactos da desilusão. Não existe nada, absolutamente nada a lamentar, quando se percebe que o amor, que um dia você acreditava sentir, se tornou um estranho na sua vida. Porque a partir daí, é preferível o rompimento, a solidão e o vento frio, do que perder o sonho e entender que é possível senti-lo novamente. O amor não foi feito para ser cego, mas consciente de que isto é compartilhado lealmente e incondicionalmente.