terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

SOCIEDADE DA SURUBA



SOCIEDADE DA SURUBA
                                              Por André Prado

Existe uma música chamada "É bom desconfiar", tocada por uma das melhores  bandas que o Brasil já produziu, Titãs.  Nessa época Nando Reis fazia parte do grupo. Quem apreciar o vídeo produzido ao vivo pela TV cultura,  vai ouvi-lo dizer: Precisamos desconfiar de tudo, principalmente do apagão. Isto foi em 2001, na época de FHC. Mas desconfiar é algo que faz parte dos brasileiros, principalmente quando denominamos de selva de pedra a vida em sociedade, mas isto é muito mais focado somente em relação aos políticos, já que em política existe tantas correntes de pensamento, e é um fato normal estarmos atentos para os programas de governo ou de candidatos que almejam os cargos públicos. Mas nas atuais circunstâncias, desconfiar de uma situação de assalto, o que é perfeitamente comum hoje em dia, numa clara reação e prevenção a violência, acaba sendo uma vigilância que se tornou absurdamente normal. Mas as desconfianças extrapolam, vão muito mais além das questões politicas e das propriedades materiais. É comum atualmente, as pessoas pensarem em seus próprios umbigos. Mas o motor dessa barbárie começa por uma rede de informações tão distorcidas que atingem o entendimento, começando pelos meios de comunicação que visam apenas lucros em detrimento da verdade. Fontes que já não são mais confiáveis, já algum tempo. Daí, permeia uma rede de intrigas, centrada na própria individualidade, pilar do egocentrismo social. Basta haver disputas internas em qualquer relação humana, que com certeza haverá luta de interesses. As relações sociais estão cada vez mais disfarçadas, e o cuidado em todos os setores da vida acaba por ser necessário. Infelizmente, vivemos uma neura urbana, onde existe tanta deslealdade, que isto parece ter se tornado uma extensão do ser humano, vivemos uma sociedade das aparências, sem sinceridade. Percebe-se que as amizades estão cada vez mais seletivas, admitindo-se apenas um grupo fechado, extremamente reduzido. Estamos fechados em nossa própria natureza. Nas relações de afeto, em todos os sentidos, principalmente no amor sexual, existem muito mais decepções do que demonstração de reconhecimento fraterno. A traição parece ter corrompido as relações entre homens e mulheres. A tônica filosófica é: Vamos pegar todos ou todas. Existe uma suruba generalizada, que tomou conta da mentes e corações. Pessoas sendo lesadas, violentadas, enganadas, maltratadas e manipuladas. Parece que os cristão, evangélicos, espiritualistas de modo geral adotaram a máxima, que impregna a sociedade dos acorrentados e estereotipados seres insensíveis e encobertos, se guindo pelas letras mortas da hipocrisia: Cada um por si e Deus por todos. Então, nos resumimos a uma sociedade sempre armada com paus e pedras, pasmem senhores, desconfiados que somos, de nós mesmos, semelhantes mortais. Estamos em plena crise ética. Conseguiram tirar do dicionário, a palavra confiança e sinceridade nestes tempos modernos. Talvez, isto sempre tenha existido, tendo domínio a partir da existência do poder, só que camuflada em tempos sombrios e escancarado abertamente na era contemporânea. E assim vamos nos arrastando, subindo ladeira, descendo ladeira, sempre com os mesmo passos monótonos da vida em sociedade, que não cultiva a solidariedade e o respeito. A vida não é assim, mas querem que fique assim. Paciência!!!! As consequências estão aí, quem planta vento colhe tempestades.

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