terça-feira, 12 de abril de 2011

Pássaro Formoso





Pássaro Formoso


Debruçado sobre a janela do meu quarto, olho para o horizonte ensolarado, com aquele céu azul anil desbundante e fico admirando os passarinhos em sua revoada livre e solta. Surge um bando de andorinhas, sigo-as no meu raio de visão, fico admirando esse movimento veloz e sincronizado, moldando a perícia do voo emgrupo, desenhando o formato de círculos perfeitos, num balé esplêndido no ar. Me fazem ter a sensação de liberdade e leveza. Voar, essa sempre foi minha fantasia. Como invejo esses animalzinhos, podem se deslocar para qualquer lugar, ocupam o espaço com incomparável beleza. Mas pra minha agradável surpresa, esse momento ensolarado seria mais bonito, surge um passarinho de peito amarelo, imponente, majestoso, que soube mais tarde, se tratava de um bem-te-vi. Estava a minha frente, se banhando numa poça d' agua , como se estivesse brincando, se deslocando de um galho para outro, e voltando, por diversas vezes, para seu laguinho particular. Meio que assustado, quando percebeu meu olhar alvejando sua beleza, foi contornando seu voo até sentir-se seguro e pousar naquele lugarzinho escolhido para se refrescar . Chegando de mansinho, se banhava chaqualhando seu corpito inteiro, como se quisesse enxugar e secar suas asas, ao vento quente daquele dia especial. Um pássaro formoso, vaidoso, empinando sempre o peito e barriga amarelos, olhava a sua volta com movimentos ligeiros, como se soubesse que estivesse sendo admirado e visto pelo olhar de um invejoso sonhador, um admirador anônimo que naquele momento queria , nem que fosse por um segundo, trocar de lugar e saber qual a sensação de ser abençoado na sua forma delicada e livre. E como se desprezasse minha inveja, empinou ainda mais o peito de orgulho e saiu voando para o seu destino. Vi sua imagem a distância, me restando fixa-lo, desejando que um dia eu pudesse sentir a mesma liberdade plena como homem, da mesma forma que o bem-ti-vi de peito amarelo, posando de orgulho como pássaro majestoso, foi agraciado em seu privilegiado pelas mãos da mãe natureza. Ao longe se despedia da minha presença e demonstrava na sua miudeza, o esplendor de um bichinho com energia pra seguir seu justo destino, coroando a liberdade de seus movimentos e desbravando mundo afora com sua força pra viver. Que inveja! Que inveja!
..............................................................André Prado

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