quinta-feira, 28 de abril de 2011

Equador de ilusões






Equador de ilusões


Coração de leão,  por que você não sossega? 
Caminho em todas as direções atrás da paz,
olho e percorro ao meu redor nos bares 
e a vida parece ser sempre a mesma, 
como se fosse um movimento em branco e preto,
em câmera lenta e de imagens distorcidas, 
faltando aquele olhar desperto e revelador, colorido.
Faz tanto tempo que não me embriago de amor,
quem sabe isto saciasse minha sede, minha sina.
Em meio a tanta multidão de amigos, sinto a solidão,
um chão pisado em falso, distorcido nos seus degraus,
movido a impulsos febris, cambaleantes de uma festa bêbada,
de risadas desesperadas, como se fossem gritos de carência,
tentando camuflar o obvio, a vácuo das almas desorientadas, 
e no cala-se desse  tédio, meu silêncio  diz tudo, introspectivo,
fico viajando ao redor desse mundo,  distante das gandaias alheias,
a procura de um ser interessante, que me diga algo com um único olhar,
maçante,  todos parecem iguais na animação desse equador de ilusões,
e numa dessas risadas bobas, acordo do meu estado torpe, 
voltando ao meu grau desencantado de alegrias pueris,
lá se foi mais uma noite de estrelas opacas, a deriva de desejos contidos,
não vi nenhum olhar me derretendo,  insinuante, me acolhendo,
volto para a minha rotina de bêbados noturnos, de sorrisos barulhentos,
e vou ficando  resignado,  nas sombras de meus sonhos e devaneios desfeitos.


..................................................................................André Prado.

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