quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pedaço de mim




Pedaço de mim

Ao som do U2, vivi alguns dos meus melhores anos. As bandas cover dos anos 80, estavam estourando com as letras de Bono Voxi, explodindo nos palcos das noites de São Paulo. O principal espaço do rock paulistano se concentrava no bairro da bela vista, na rua treze de maio e centro, onde haviam espaços, como Café Piu-Piu, Madame Satã, Radar tanta e um em especial, Café Pedaço, onde conheceria uma frequentadora que iria mudar minha vida radicalmente. Era o mês de janeiro de 85, onde uma das melhores bandas cover, Columbia Rock, se apresentava nessa casa noturna. Estava com quase 28 anos de idade, um jovem sonhador, estudante de sociologia que adorava os The Beatles e os The Rolling Stones, curtindo solitariamente mais uma balada de sábado a noite. Num dos intervalos da apresentação da banda, fiquei encostado ao balção do bar, tomando minha cerveja, sempre tímido, buscando apenas um divertimento, sem grandes pretensões. Sem saber de onde ela surgiu, uma menina de cabelos cor de mel, pequenininha, vindo em minha direção, se aproximou e me ofereceu um gole de sua coca -cola e me disse, claramente sem meio termo, que queria me conhecer. Fiquei estático, sem saber o que dizer, afinal não era comum uma mulher nos anos 80 tomar a iniciativa de uma paquera tão direta assim. Ela se assustou com sua própria atitude ou será que foi com meu espanto, nunca vou saber, se afastando quase em fuga de vergonha. Segui ela até o mezanino, porque apesar do espanto gostei do seu atrevimento, puxando conversa logo em seguida .Era uma menina realmente, com seus 19 anos, vindo de um noivado fracassado, triste e a procura de uma nova companhia. Conversamos quase a noite toda, descobrimos algumas coisas em comum e a partir daí, ficamos juntos durante 18 anos e tivemos dois filhos. Felicidade? Bem, isto é uma outra história. O que valeram foram alguns bons momentos felizes , marcados pelo rock e pela juventude. Enfim, o que se leva da vida é a vida que se leva.
.....................................................................................André Prado

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